quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Saúde Mental da Mulher
Como lidar com o Climatério?
Da mesma forma como o psíquico pode refletir impactos da condição biológica em processo de mudança, não é possível negar o caráter e importância dos significados atribuídos, por cada mulher, à sua vivência do fenômeno climatérico e menopáusico, enquanto anúncio e encerramento de sua vida reprodutiva.
Para muito além do biológico, este período comporta representações, deslocamentos, simbolizações e ressignificações importantes, seja quando se pensa no desenvolvimento feminino, seja quando se enfoca a psicopatologia. Assim, é interessante compreendermos a subjetividade feminina neste momento de vulnerabilidade e desestabilização.
Alguns aspectos são facilmente observados durante os atendimentos dessas mulheres:
- Mudanças na perspectiva cronológica: a relação com os pais se atualiza na relação com os filhos jovens e adolescentes, mas com papéis invertidos. (exemplo: cuidados com os pais idosos)
- Reversão nos ritmos exterior e interior de transformação: agora são os filhos que crescem rapidamente e os pais que envelhecem no mesmo ritmo. Luto pela consciência da natureza efêmera da vida humana.
- Limites da criatividade: percepção dos próprios limites do passado e a restrição para as realizações no futuro. Outras pessoas, provavelmente, ultrapassarão estas limitações, colocando em pauta a questão do amor e do ódio para consigo e para com os outros.
- Identidade do ego na perspectiva do tempo: o novo conhecimento da meia-idade sobre as próprias limitações consolida a identidade do ego, diferentemente do passado. Aceitar a si mesmo é aspecto importante da maturidade emocional, com reflexos em todos os relacionamentos.
- Ajuste de contas com a agressão exterior: enfrentamento realístico dos ataques que permeiam o ambiente adulto, sem explorá-los, sem negá-los, sem submeter-se ou por eles ser corrompido. Aceitação do fato de que a responsabilidade final é para consigo mesmo.
- Perda, luto e morte: o enfrentamento da perda dos pais, irmãos, parentes e amigos somam-se às próprias manifestações de envelhecimento, reforçando a consciência do possível adoecer e morte pessoal. A aceitação de perdas e fracassos pessoais deve permitir a sensação de contar com recursos suficientes para a aceitação de si mesmo e a reconstrução de uma vida significativa, tendo por base o narcisismo normal.
- Conflitos edipianos: nova reativação do Complexo de Édipo seja pelo crescimento dos filhos, pelas experiências concretas na vida social e grupal ou pelas vivências com os pais enfraquecidos rumo à morte.
Concluindo: É claro que as oscilações dos níveis hormonais femininos também podem contribuir para os sintomas psíquicos que incidem neste período. Em qualquer contexto relacionado à saúde mental, o biopsicossocial, além das questões culturais devem ser analisados em conjunto, evitando-se reducionismos e atrasos na compreensão ampla do psiquismo da mulher climatérica que se encontra nesta fase de transição entre a vida reprodutiva e a vida não reprodutiva.
Dr. Joel Rennó Jr. Autor do Livro "Mentes Femininas - A saúde mental ao alcance da mulher ".
Doutor em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP. Coordenador do Projeto de Atenção à Saúde Mental da Mulher-Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein-SP (HIAE).
Dr. Joel Rennó Jr. é colaborador do Site "Vya Estelar - Qualidade de Vida na Web" .
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/index.htm
Meninas...essa foi para vocês...
Kika...quase lá!!!
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